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Brotas, SP, Brazil
Sendo uma fazenda estruturada para bem receber, com todo estilo da vida rural, o Areia que Canta oferece diversas atividades de lazer, a culinária da fazenda, passeios deliciosos, uma ampla estrutura para eventos e a experiência inesquecível de estar em meio à Natureza. Para aqueles que apreciam a culinaria de fazenda: todo sábado, o pessoal do restaurante ensina uma nova receita, com direito a degustação! Faça-nos um visita, será um prazer recebe-los aqui!

Entre e fique a vontade!

O blog é um canal de informação para aqueles interessados no Areia que Canta, na Fazenda Tamanduá, em sua região, na qualidade de vida, em bem estar, e enriquecer sua viagem pela região de Brotas - SP!

segunda-feira

A Nascente


A Areia que Canta é uma nascente bastante rara, e localiza-se na Fazenda Tamanduá, município de Brotas – SP, próxima às Cuestas que limitam o Planalto Ocidental Paulista, na formação geológica da Bacia Sedimentar do Paraná, cuja evolução se deu há cerca de 350 milhões de anos atrás. As “Cuestas” são elevações assimétricas, com uma escarpa íngreme entre a Depressão Periférica e o patamar elevado do Planalto Ocidental Paulista. Elas limitam as bordas da Bacia do Paraná quanto à ocorrência dos derrames basálticos da Formação Serra Geral. A região insere-se na zona de recarga do aqüífero Guarani. Este é formado pelos arenitos Botucatu e Pirambóia, saturados em água. Geologicamente, na Fazenda Tamanduá observam-se: - Formação Pirambóia: com os arenitos representam cerca de 50% da área. São rochas de coloração amarelada, às vezes em tons de rosa. São bastante permeáveis e constituem uma parte da área de recarga do Aqüífero Guarani (Formações Pirambóia e Botucatu saturadas em água). - Aluviões Recentes: com os sedimentos areno-argilosos que constituem os banhados da região. Estão sempre saturados em água, e normalmente apresentam coloração escura devido à presença de matéria orgânica. A nascente Areia que Canta, devido à sua singularidade e caráter ascendente, retrabalha os sedimentos produzindo grãos de alta esfericidade, e retira parte ou toda a matéria orgânica de seu entorno. - Formação Serra Geral: com os basaltos intrusivos de textura grossa e em estruturas de soleiras. Representam 35% da área. Normalmente são impermeáveis, caracterizando-se como aqüífugos (formações geológicas praticamente impermeáveis à água).

As “Cuestas” presentes na região formam “canhões” entalhados em suas encostas produzindo grandes cachoeiras e a a ação das chuvas e de suas enxurradas ainda são bastante ativas com a abertura de voçorocas, transportando material detrítico para as porções mais baixas. Todo o material transportado pelos rios normalmente é depositado em porções mais calmas de baixa energia, assoreando os rios, comprometendo o solo que poderia ser usado para a agricultura e a navegação, pesca ou mesmo o turismo. Ambos os problemas, erosão e assoreamento, podem destruir os recursos naturais dai a importancia da presença da vegetação ciliar afim de evitar grandes danos ambientais. Os processos erosivos na área expuseram as rochas mais profundas que estavam cobertas pelas dunas eólicas da Formação Botucatu e derrames de lavas basálticas da Formação Serra Geral. Assim, estão atualmente expostas, rochas areníticas da formação Pirambóia, e rochas máficas (diabásios) relacionadas ao vulcanismo Serra Geral, estas cristalizadas em profundidade.

A região da Fazenda Tamanduá encontra-se numa superfície, no mínimo, 230 metros abaixo dos níveis mais altos, evidenciados pelas diferenças de cotas entre o alto da “Cuesta” (850-870 m) e as porções mais baixas (620 m), e também, como observado nas corredeiras do rio Tamanduá e arredores da sede da fazenda onde se encontram rochas basálticas cristalizadas em profundidade, hoje expostas à superfície. Toda a zona de várzea do Rio Tamanduá representa um afloramento do nível freático, e que está sendo sustentado pelo mesmo aqüífero que alimenta a nascente Areia que Canta. O que difere são os tipos de surgências observadas. Enquanto em toda a extensão da várzea, a água “brota” a partir de fluxo descendente, a água que brota da nascente Areia que Canta é de surgência ascendente causada por condições de boa condutividade hidráulica atingidas ao longo de milhares de anos. Nesse local a pressão de confinamento é menor que nas outras nascentes, e sendo assim, a água tem maior facilidade para “jorrar para o alto”.

A falta de cuidado com as nascentes à margem esquerda do rio pode acarretar desequilíbrio do sistema hidrológico do aqüífero, prejudicando também a mesma fonte que alimenta a nascente Areia que Canta. Conhecida há quase 100 anos, sabe-se que a nascente nunca secou. Porém, durante todo o período de exploração turística, de 1993 até 2000, havia dois grandes olhos d’água surgentes e com alta pressão. Mas a partir de maio de 2.000 desapareceu um dos olhos d’água, fato este já ocorrido anteriormente conforme relatos históricos e descrições de pessoas que moram no local desde 1984. Localizada nos aluviões recentes do Rio Tamanduá, trata-se de uma surgência, cujo o olho principal possui dimensões de 4m de extensão por 1,5m de largura, a zona de recarga do aqüífero (3,5 x 1 km) que sustenta a nascente da Areia que Canta localiza-se no arenito Pirambóia, à sul da várzea do rio Tamanduá. O seu ápice, encontra-se à 1km a Sul, num alto topográfico, na propriedade da Fazenda da Usina Varjão onde limitam-se as sub-bacias dos rios Tamanduá e Jacaré Pepira. Os fluxos de água subterrânea correm metade para norte (rio Tamanduá) e metade para sul (rio Jacaré Pepira). O que alimenta as nascentes da Areia que Canta, assim como muitas outras observadas nas porção sul da área, na várzea que acompanha o lado esquerdo do Rio Tamanduá, é do tipo livre e está sujeita a pluviosidade local. Também está sujeita a possíveis contaminações por agrotóxicos, o que não foi detectado nas águas da Areia que Canta. Possui uma vazão de cerca de 140m3/h (140.000 litros por hora) num período de baixa pluviosidade. O alto fluxo d’água por milhares de anos permitiu o intenso retrabalhamento e arredondamento dos grãos de quartzo e isso permitiu a formação de uma areia cujos grãos, quando em atrito uns com os outros, emitem um som característico, daí o codinome “Areia que Canta”

As bolhas geradas no momento da surgência podem ser provocadas pela expansão dos gases encontrados no solo, principalmente de gás carbônico (CO2) dissolvido na água, cuja origem está no próprio solo percolado pela água nas áreas de recarga. A maior fonte de CO2 no solo é produzida pela respiração de microorganismos nos processos de decomposição de matéria orgânica. Com o intuito de preservar a nascente Areia que Canta e sua conciliação com a exploração turística, foi feito um estudo minucioso para avaliar os fatores hidro-geológicos condicionantes da nascente da Areia que Canta, propondo-se modos e capacidade de visitação da nascente que não tivesse impacto negativo na nascente bem nas condições arredores que a sustentam.
Tornou-se evidente a importância de se conservar os recursos naturais integrados ao ciclo da água e que protegem o Aqüífero Guarani, para que a visitação seja uma atividade lúdica e educativa vinculada a proposta de um planeta sustentável.

Também, os visitantes são orientados para que participem ativamente desta proteção quando seguem aquilo que os guias que os monitora lhes transmitem.